
Paisagens de tirar o fôlego e vinhos de alta qualidade é o que encontramos no Douro, em Portugal. Essa foi primeira região vínica demarcada no mundo e é parada obrigatória para quem visita o país. Por isso, aqui apresentamos a seleção do Nalgum Canto das melhores vinícolas do Douro.

“Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza”
Miguel Torga
A frase do escritor português sobre a região do Douro não poderia definir melhor o lugar: o rio sinuoso, as encostas íngremes e desenhadas em degraus com vinhedos, tornam o passeio inesquecível. Não é apenas a paisagem que chama atenção por ali, as vinícolas do Douro também atraem muitas pessoas pela qualidade e tradição de seus vinhos.
A região demarcada tem extensão de cerca de 250 000 hectares. Por ali estão distribuídas diversas Quintas (como são chamadas), que produzem inúmeros vinhos e azeites, alguns dos melhores de Portugal.
Além disso, a região é reconhecida como Patrimônio Cultural da Unesco. Nós focamos na rota mais famosa, indo de Peso da Régua a Pinhão. Procuramos vinícolas que tivessem vistas bonitas, independente do tamanho ou da fama, e com vinhos bem avaliados.
Mesmo que nossa passagem na região tenha sido por 2 dias e meio, já deu para entender a fama das vinícolas do Douro. Nos receberam com muita atenção em todos os lugares por onde passamos, apreciamos vinhos excelentes e vistas incríveis.
Dica importante: a vindima (processo de colheita das uvas) acontece entre os meses de agosto e setembro. Como nossa viagem foi em julho, vimos as vinhas bem carregadas de uvas, o que tornou a paisagem mais bonita. Além disso, algumas quintas (pelo menos pré COVID-19) permitem que turistas participem da vindima, por isso, vale pesquisar antes de ir :).

Quinta da Pacheca

Escolhemos visitar a Quinta da Pacheca à noite, já que era uma das únicas próximas a Peso da Régua (cidade onde ficamos hospedados no primeiro dia), que oferecia jantar. Além disso, já gostávamos do vinho da marca.
Por conta do horário, não fizemos a visita guiada nem degustação. Porém, logo na entrada já se vê uma parte dos vinhedos e os famosos quartos em formato de barril que atrai muitos turistas.

É num documento de abril de 1738 que aparece a primeira menção a Quinta da Pacheca, por ser sua proprietária D. Mariana Pacheco Pereira. O local onde está situado o restaurante é uma casa clássica, com arquitetura do século XVIII e todos os ambientes são lindos e bem decorados.
Marcamos o jantar para as 20hs, para apreciar o pôr do sol que em julho é por volta das 21hs e sentamos na varanda. A vista do restaurante não é das melhores porque é virada para a própria quinta. Porém, é possível ver as colinas e parte da plantação da vinícola.
Apesar disso, a experiência foi incrível! Pedimos uma taça de vinho diferente para cada um com a entrada (assim já provamos 2 vinhos) e uma garrafa harmonizando com os pratos principais. Pratos e vinhos impecáveis!!!
Assim como todas as outras vinícolas, não é um passeio barato, mas valeu cada centavo. Gastamos cerca de 100 euros (casal) com duas taças de vinho, uma entrada que dividimos, uma garrafa de vinho, 2 pratos principais e sobremesa. Recomendamos muito!
Para mais informações sobre as experiências enogastronômica, acesse: https://quintadapacheca.com/pages/pacheca-wine-experience
Quinta Seara d’Ordens

No dia seguinte começamos com essa pérola, localizada a 9km de Peso da Régua, em Poiares. Essa quinta é bem menor do que outras que visitamos e familiar, do jeitinho que a gente adora. Fomos recebidos por dois primos de seus 20 e poucos anos que pertencem a família proprietária do local.
Apesar de a quinta existir desde 1792, por muitos anos apenas se plantava uvas, oliveiras e amendoeiras. A produção comercial de vinho é recente, iniciando com os avós e pais dos jovens que nos receberam. Mesmo assim, eles já ganharam relevância entre as vinícolas do Douro.
O nome da quinta tem uma história interessante: um dos antepassados da família era comandante do quartel de Lamego, uma cidade da região. Ele costumava passar muito tempo na Quinta da Seara (nome da época). Muitas vezes os soldados cavalgavam até lá para receber as ordens do militar. Quando eles passavam, as pessoas curiosas perguntavam onde estavam indo e a resposta era: “Vamos a Quinta da Seara receber ordens do comandante…”, daí Seara d’Ordens.
Nossa visita começou com uma explicação sobre a região do Douro e os processos de produção na cave onde os vinhos são armazenados e envelhecidos. Depois disso, seguimos para a degustação de 5 vinhos: 2 brancos, 1 tinto e 2 portos, além do azeite da quinta, uma delícia por sinal. A sala de degustação em que ficamos era pequena pois estávamos só nós dois, mas muito bonitinha e bem decorada. Foi a degustação com melhor custo-benefício que fizemos, 12,50 EUR por pessoa.
A quinta também conta com outros cantinhos fofos como o “Jardim da Rosinha”, uma homenagem a matriarca da família (que se chama Rosa e adora essa flor) e uma capelinha. Já que está localizada bem alto, na paisagem há vinhas a perder de vista. Se você é daqueles que gostam de conhecer vinhos não tão comerciais e cantinhos bonitos, definitivamente você deve incluir essa vinícola no seu roteiro do Douro.
Para mais informações sobre as visitas acesse: http://searadordens.com/enoturismo/experiencias/
Quinta do Crasto

Essa quinta está entre as 10 melhores vinícolas do mundo de acordo com o top 50 World’s Best Vineyards de 2020. De fato, ela faz jus ao prêmio, que considera não só a qualidade dos vinhos como todo o programa de enoturismo e instalações.
Ela é uma das mais famosas vinícolas do Douro, focada em vinhos premium ou super premium e produz 1,5 milhão de garrafas por ano. A quinta é muito mais profissional do que outras que visitamos, tanto em relação ao tamanho como profundidade de informações, atendimento e loja.
A visita começa na recepção, passando pelas adegas de vinificação, cave onde os vinhos estagiam e laboratório de qualidade. Além disso, a guia explica os métodos de produção e a história da quinta, que possui mais 400 anos, sendo o último século na mesma família.
O tour acaba na Casa Centenária, onde há a degustação e o restaurante para aqueles que optam pelo almoço harmonizado. Provamos 5 vinhos: 1 rosé, 3 tintos e 1 porto. Além dos vinhos, o ponto alto da vinícola é a vista para o rio Douro somada a piscina de borda infinita da quinta. Infelizmente apenas os donos e seus convidados podem utilizá-la…
Sem dúvida é uma das vinícolas mais bonitas do Douro! Mas saímos com a sensação de que deveríamos ter escolhido o almoço harmonizado, para fazer a prova com mais calma. As pessoas que vimos no almoço ficavam com as garrafas na mesa, comendo e bebendo tranquilamente. Nós sentimos um pouco de “pressão” para terminar os vinhos e ir embora, então fica a dica ;).

Para mais informações sobre os programas de enoturismo entre em contato pelo email disponível no site: https://quintadocrasto.pt/enoturismo/
Quinta do Pôpa

Essa quinta foi uma grande surpresa e deixou gostinho de quero mais! Já tínhamos ouvido falar da vinícola e amigos nos indicaram para visitar. Mas no mesmo dia, nós marcamos um passeio de barco pelo Rio Douro e almoço em outra vinícola, por isso, não cabia no nosso roteiro.
Quando saímos do passeio de barco em direção ao nosso próximo destino, já na margem oposta do rio, passamos em frente da Quinta do Pôpa. Não resistimos e resolvemos parar só para tomar um vinho. Mas nos arrependemos de não termos programado ficar mais tempo para fazer a degustação ou almoçar por lá.
A vista é maravilhosa, acho que só perde para a do Crasto entre as vinícolas que visitamos no Douro . Além disso, o restaurante fica de frente para o rio e acima da plantação de uvas da quinta. Sem falar nos vinhos, que são deliciosos! Com certeza é um lugar que voltaríamos para conhecer mais e aproveitar melhor.
Quinta do Têdo

A Quinta do Têdo está situada entre o rio Douro e o rio Têdo, criando uma paisagem linda e acolhedora. O lugar é cheio de cantinhos e de charme, conta com salas de prova, um bistrô e hospedaria.
A marca é razoavelmente nova, dos anos 90 . Os proprietários são franceses, que se apaixonaram pela propriedade onde já havia plantação de uva e iniciaram a produção de vinho. Nos seus 15 hectares de vinhas há diversas variedades de uvas, o suficiente para dar conta de toda produção.
Nós escolhemos almoçar no Bistrô Terrace e não fizemos a degustação. O ambiente é pequeno, lindo e acolhedor, com uma bela vista para o rio Tedo. O restaurante é de tapas (porções para compartilhar), uma melhor do que a outra! Uma boa opção para a refeição.
Há vários níveis de visita e degustação. Conheça os programas de enoturismo no site da quinta: http://www.quintadotedo.com/visitas-tastings
Essas foram as quintas que visitamos na região, porém há muitas outras vinícolas no Douro e não falta vontade para voltar muitas e muitas vezes!