
Conheça o cenário da trágica história de amor de Pedro e Inês de Castro
A Quinta das Lágrimas foi palco de uma das mais famosas histórias de amor de Portugal, a de Pedro e Inês de Castro. Situada próxima ao rio Mondego, em Coimbra, por estar na margem oposta a tão conhecida Universidade de Coimbra, muitas vezes fica fora roteiro turístico. Porém, da próxima vez que pensar em o que fazer em Coimbra lembre desse local histórico e imperdível.
Apesar de hoje ser um hotel de luxo, os seus jardins são abertos à visitação e cheios de lendas sobre o Romeu e Julieta lusitano. Dizem que ali o casal viveu o amor proibido pelo rei de Portugal, pai de Pedro.
Inês era dama de companhia de sua esposa, com a qual teve o casamento arranjado. A corte já sabia do relacionamento de Inês e Pedro, mas foi “escancarado” após D. Pedro ficar viúvo e partir para Coimbra com sua amada, antes exilada pelo rei de Portugal. Além da vergonha causada na corte, ela pertencia a uma família de fidalgos castelhanos, os Castro, que no entendimento do rei, poderiam ameaçar o trono de Portugal. Por isso a vontade de separá-los a todo custo.
O conturbado relacionamento terminou com a morte de Inês de Castro a mando do rei Afonso IV e com sua coroação póstuma, já que D. Pedro I tornou-se rei e revelou que havia se casado em segredo com a amada. Depois disso, ele ordenou que a rainha fosse desenterrada para ter uma coroação digna na qual toda a corte devia beijar a sua mão. Também é dessa história que surge a expressão “Agora Inês é morta”.
O jardim da Quinta das Lágrimas
Não espere nada luxuoso, o jardim é pequeno, mas cheio de cantinhos charmosos e são as histórias que tornam o lugar encantador. Primeiramente vimos a fonte dos amores, confesso que quando ouvi falar imaginava uma super construção, uma fonte com estátuas ou algo assim… que nada!
É uma nascente com um canal que foi construído em 1326 a mando da avó de Pedro, a Rainha Santa Isabel, para levar água ao Convento de Santa Clara, que fica nos arredores. Ela foi batizada de Fonte dos Amores por ter presenciado o amor de Pedro e Inês. Reza a lenda que por ali Pedro mandava mensagens a Inês através de barquinhos e ela esperava por isso no convento para se encontrar com ele no jardim da Quinta das Lágrimas (que naquele momento se chamava Quinta do Pombal).
A segunda fonte, se chama Fonte das Lágrimas, esta, batizada por Camões, que eternizou a história de amor no livro Os Lusíadas, um trecho do Canto III foi esculpido em uma lápide que hoje está no local:
“As filhas do Mondego, a morte escura
Os Lusíadas, canto III – Camões
Longo tempo chorando memoraram
E por memória eterna em fonte pura
As Lágrimas choradas transformaram
O nome lhe puseram que ainda dura
Dos amores de Inês que ali passaram
Vede que fresca fonte rega as flores
Que as Lágrimas são água e o nome amores”

Dizem que essa fonte nasceu das lágrimas choradas por Inês em seu leito de morte, outra lenda interessante são as pedras até hoje avermelhadas da fonte, que seria o sangue de Inês, preso ali por quase sete séculos.


Com todas essas lendas que envolvem a Quinta eu imaginei que ali era o local da morte de Inês de Castro, porém após algumas pesquisas percebi que o assassinato ocorreu no Paço de Santa Clara, que fica perto dali e é onde ela vivia. Independente da realidade ou não das histórias, fato é que o local é envolvido por esse misticismo, uma parada obrigatória para quem visita Coimbra.
O jardim também conta com um belíssimo arco Neo Gótico, um anfiteatro e uma infinidade de espécies de plantas, rendendo lindas fotos. Porém, esses espaços foram sendo acrescentados ao longo do tempo, o anfiteatro, por exemplo, é recente, de 2006. Além disso, é possível almoçar em um dos restaurantes da Quinta das Lágrimas.

A trágica história de amor de Inês & Pedro
Pedro era o filho do rei de Portugal, Afonso IV, e herdeiro do trono. Como futuro rei, teve um casamento arranjado com Dona Constança Manuel, da Espanha. Esta, quando chegou à corte portuguesa, veio acompanhada de Inês de Castro, sua dama de companhia. Pedro logo se apaixonou por ela, que correspondeu ao amor.
Por temas políticos, Pedro seguiu com o casamento, porém sempre manteve contato com a sua amada, mesmo que sua mulher e toda corte tivessem conhecimento do caso. Seu pai, preocupado com a situação, mandou exilá-la na fronteira castelhana, a fim de acabar com o relacionamento. Porém, eles continuaram trocando mensagens secretamente.
No ano seguinte ao exílio, Pedro ficou viúvo, perdendo a sua mulher ao dar à luz. Finalmente “livre”, Pedro, contrariando seu pai, manda que Inês retorne a Portugal e eles passam a viver num palacete anexo ao Convento de Santa Clara, em Coimbra.
Durante o tempo juntos, Pedro e Inês tiveram 4 filhos e com isso, começaram os boatos e intrigas de que os Castro planejavam assassinar o filho mais velho de Pedro com Constança, herdeiro do trono. Dessa forma, os filhos de Inês entrariam na sucessão. O rei D. Afonso IV, receoso da interferência da família Castro na política portuguesa, ouviu seus conselheiros, que indicavam “cortar o mal pela raiz” e mandou matar Inês enquanto Pedro estava numa caçada.
A morte de sua amada provocou a revolta de D. Pedro, que iniciou uma perseguição aos três assassinos de Inês, executando dois deles e ordenando que lhe arrancassem o coração. Depois de alguns anos, com a morte de Afonso IV, D. Pedro se tornou rei e assumiu publicamente que havia se casado em segredo com Inês de Castro e portanto ela devia ser coroada rainha.
Após isso, o rei ordenou então que desenterrassem o corpo de sua amada para fazer a coroação e obrigou todos os nobres a beijar a sua mão, sob pena de morte. Depois, seu corpo foi transferido para o túmulo que mandou construir em Alcobaça, onde até hoje se encontra.
Os jardins ficam abertos de terça-feira à domingo e custa 2 euros por adulto.
Para mais informações sobre a Quinta, acesse: https://www.quintadaslagrimas.pt/